terça-feira, 18 de setembro de 2012

Peirópolis

     Nenhum outro lugar no Brasil forneceu mais restos de dinossauros do que Peirópolis, distrito localizado a 20 km de Uberaba, no Triângulo Mineiro. Essa região se destaca não só pela quantidade, mas sobretudo pela qualidade dos fósseis ali encontrados. Invariavelmente, os exemplares possuem uma coloração esbranquiçada e estão preservados com pouca ou nenhuma distorção, ao contrário dos restos encontrados em outras localidades. 

Localização de Peirópolis
     Os dinossauros de Peirópolis são conhecidos há bastante tempo. O primeiro a realizar escavações nessa região foi o gaúcho Llewellyn Ivor Price (1905-1980). Ele foi um dos principais paleontólogos brasileiros, tendo trabalhado em quase todas as áreas fossilíferas do país. 

Llewellyn Ivor Price em uma de suas escavações

     Informado de que ossos grandes haviam sido encontrados durante a extração de calcário naquela região, Price começou a trabalhar em Peirópolis em 1947. Realizou uma escavação sistemática em sete ocasiões em um ponto chamado de Caieira, entre os anos 1949 e 1961. Como resultado, ele recuperou centenas de ossos, sobretudo de dinossauros do grupo dos titanossauros, que tinham pescoço e cauda compridos, corpo de grande volume e cabeça pequena. Infelizmente nunca foram encontrados restos cranianos desses dinossauros nos arredores de Peirópolis – mas quem sabe um dia seremos surpreendidos com essa boa notícia? Price terminou de trabalhar na região em 1969, tendo sido sucedido pelo geólogo Diogenes de Almeida Campos, do Museu de Ciências da Terra, ligado ao Departamento Nacional de Produção Mineral (DNPM). 
     
Peirópolis vista do alto
     Mas não só titanossauros foram encontrados em Peirópolis. Restos de moluscos (bivalves), tartarugas, peixes, crocodilomorfos, um sapo e um lagarto também fazem parte da biodiversidade que existia naquela região há 80 milhões de anos. Ovos também foram encontrados, tanto de titanossauros como de dinossauros terópodes – estes últimos durante a escavação de um poço no quintal da casa de Langerton Neves da Cunha, um grande colaborador de Price e Diogenes. 

Fóssil da cidade de Peirópolis
      Até 1986, todos os exemplares coletados na região foram depositados no DNPM, no Rio de Janeiro. Certo dia, Diogenes recebeu a visita de Beethoven Luís Resende Teixeira, que representava a Fundação Cultural de Uberaba. Segundo relato de Diogenes, Beethoven veio com o seu cachimbo em uma mão, sua bolsa de couro na outra e uma idéia na cabeça: construir um museu que abrigaria os fósseis coletados em Peirópolis a partir daquela data. Trabalhando em conjunto com o DNPM, a Prefeitura Municipal de Uberaba ofereceu as condições para manter os fósseis na região com a criação do Centro de Pesquisas Paleontológicas Llewellyn Ivor Price (CPPLIP) – uma justa homenagem a quem colocou a região no mapa da paleontologia. O prédio é uma antiga estação ferroviária e, desde então, existe uma escavação contínua na região. 

O local está sujeito  visitação do público
       Graças a técnica de peneiramento, que possibilita a recuperação de ossos e dentes bem pequenos, que normalmente passam despercebidos durante as atividades regulares da extração de fósseis, foi recuperada mais de uma centena de exemplares, entre dentes de dinossauros e peixes, estes últimos com um tamanho de aproximadamente 2 mm. A técnica é bastante propícia para encontrar dentes de mamíferos, que eram raros durante o Cretáceo. Infelizmente, até hoje, não identificamos nem sombra deles em Peirópolis,

A Vida na História Geológica

Pangeia 

      No início do século XX, o meteorologista alemão Alfred Wegener levantou uma hipótese que criou uma grande polêmica entre a classe científica da época. Segundo ele, há aproximadamente 200 milhões de anos, os continentes não tinham a configuração atual, pois existia somente uma massa continental, ou seja, não estavam separadas as Américas da África e da Oceania.
Essa massa continental contínua foi denominada de Pangeia, do grego "toda a Terra", e era envolvida por um único Oceano, chamado de Pantalassa.

Representação de como seria a Pangeia


     Passados milhões de anos, a Pangeia se fragmentou e deu origem a dois megacontinentes denominados de Laurásia e Gondwana, essa separação ocorreu lentamente e se desenvolveu deslocando sobre um subsolo oceânico de basalto.
     Após esse processo, esses dois mega continentes deram origem à configuração atual dos continentes que conhecemos. Para conceber tal teoria, Wegener tomou como ponto de partida o contorno da costa americana com a da África, que visualmente possui um encaixe quase que perfeito. No entanto, somente esse fato não fundamentou sua hipótese científica.

Uma das representações da Pangeia

      Outra descoberta importante para fundamentar sua teoria foi a comparação de fósseis encontrados na região brasileira e na África, ele constatou que tais animais eram incapazes de atravessar o Oceano Atlântico, assim concluiu que os animais teriam vivido nos mesmos ambientes em tempos remotos.
      Mesmo após todas as informações contidas na hipótese, a teoria não foi aceita, foi ridicularizada pela classe científica. Sua hipótese foi confirmada somente em 1960, após 30 anos da morte de Wegener , tornando-se a mais aceita.

Quadro dos períodos geológicos e os eventos biológicos marcantes

     Uma vez que as rochas são registros de processos geológicos é possível determinar processos que ocorreram no passado através do estudo dessas rochas e, assim, entender como era o nosso planeta em tempos anteriores ao surgimento das formas de vida complexa. 


     O entendimento da evolução da Terra e do significado de cada um dos processos geológicos nessa evolução só é possível após o estabelecimento das relações temporais entre os registros geológicos. Definir métodos para estabelecer estas relações é, portanto, fundamental na geologia e um dos principais objetivos de todos os geológos, independentemente de sua especialidade.
     A Estratigrafia é o ramo das ciências geológicas que investiga a distribuição temporal do registro geológico. De modo geral a estratigrafia dedica-se principalmente ao estudo das rochas estratificadas, i.e. sedimentares. Mas, porque o estudo das rochas enquanto registro do tempo geológico teve início nesse tipo de rocha, a estratigrafia também estuda os diversos métodos datação dos eventos geológicos (neste caso não se restringindo às rochas sedimentares). Além disso, a estratigrafia também é responsável pela normatização da nomenclatura utilizada para designar grupos de rochas. 

Quadro dos Períodos Geológicos

     O desenvolvimento dos métodos de datação, entretanto, só foi possível após o entendimento da escala de tempo envolvida nos processos geológico era imensamente diferente da escala humana. O debate acerca da escala do tempo geológico e o desenvolvimento de uma concepção de tempo profundo (longo) perdurou aproximadamente um século, iniciando-se com a formulação da Teoria do Uniformitarismo por James Hutton em 1792. Até então, a noção de tempo dominante era aquela dada pelo estudo criterioso da Bíblia e de outros textos sagrados que estimavam que a Terra teria sido criada em 26 de outubro do ano 4004ac, às nove horas da manhã. As principais teorias que fundamentaram a Estratigrafia moderna foram as do Uniformitarismo, do Catastrofismo e do Atualismo

Os dinossauros no mundo

      A palavra Dinossauro é um termo usado para designar duas grandes ordens de répteis arcossauros da Era Mesozóica. Surgiram cerca de 225 milhões de anos no período triássico e foram extintos cerca de 64 milhões de anos.



      Os dinossauros eram criaturas únicas. Tanto que alguns cientistas especializados em cladística os consideram como uma classe à parte, intermediária entre os répteis e aves. Como os répteis possuíam pele escamosa, punham ovos com casca, tinham caudas longas e fortes e dentes homogêneos.


                               
      Diferentes dos outros sáurios, porém, cujas patas estão posicionadas nas laterais do corpo, suas patas eram posicionadas logo abaixo do tronco, tal como as aves e os mamíferos. Também como as aves e mamíferos seu metabolismo de alguma maneira podia manter-se mais ou menos constante, sem depender da temperatura do meio externo. Acredita-se que os dinossauros evoluíram a partir de répteis arcossauros conhecidos como tecodontes.